quarta-feira, 25 de maio de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

O REINO DE DEUS NOS SINÓTICOS

A TEOLOGIA DOS SINÓTICOS
Os sinóticos formam em si uma teologia peculiar, a teologia do Reino de Deus. Em Mateus encontramos 53 referências, em Marcos 19, em Lucas 45 perfazendo um total de 117 vezes.Esta teologia é simples, deve ser ensinada mas principalmente vivida. Este Reino já está entre os homens, na pessoa de Cristo, pois aproxima-se dos homens (Mt 3.2; 4.17); pode vir (Mt 6.10); chegar (Mt 12:28); aparecer (Mt 19:11); ser ativo (Mt 11:12).
Deus pode dar o Reino aos homens (Mt 21:43). Mas os homens não podem dar ou tirar de si mesmo, muito embora possam impedir que os outros entrem no Reino.
Os homens podem entrar no Reino, mas nunca foram aconselhados a erigi-lo ou edificá-lo. Os homens podem receber o Reino (Mc 10:15), herdá-lo (Mt 25:34) e possuí-lo, mas nunca devem estabelecê-lo (Lc 10:11), Os homens podem rejeitar o Reino, recusar-se a recebê-lo (Lc 10:11) ou a entrar nele (Mt 23:13), mas não podem destruí-lo. Podem procurar por ele (Lc 23:51) orar por sua vinda (Mt 6:10) e buscá-lo (Mt 6:33; Lc 12:31) mas não somos informados que o Reino cresce. Os homens podem realizar certas coisas por causa do Reino (Mt 19:12; Lc 18:29) mas são conclamados a agirem em relação ao próprio Reino.
Os indivíduos podem pregar o Reino (Mt 10:7; Lc 10:9) mas somente Deus o dará aos homens. O Reino gera a Igreja. O domínio dinâmico de Deus, presente na missão de Jesus, desafiou os homens a manifestarem uma resposta positiva, introduzindo-os em um novo grupo de comunhão.
A presença do Reino significou o cumprimento da esperança messiânica do Novo Testamento que fora prometida a Israel, mas quando Israel como um todo rejeitou a oferta, os que a aceitaram foram constituídos como novo povo de Deus, os filhos do Reino, o verdadeiro Israel, a Igreja incipiente. A Igreja não é senão o resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus.
O QUE É O REINO DEUS? COMO E QUANDO SE PROCESSA? QUAIS SEUS CRITÉRIOS? QUAIS SUAS IMPLICAÇÕES? QUAL É SUA DINÂMICA E ESFERA DE AÇÃO?
VEJA O REINO EM MATEUS:
*O reino está próximo, arrependei-vos e convertei-vos Mt 3.2
*Jesus pregou o evangelho do reino Mt 4.23
*Bem aventurado os humildes, porque dos tais é o reino de Deus.5.3
*Bem aventurado os que têm fome e sede de justiça, porque dos tais é o reino de Deus 5.10
*Quem quiser ser o maior serão menor no reino 5.19
*Quem desobedecer os mandamentos será pequeno no reino 5.19
*Quem obedecer será grande 5.19
*Se a nossa justiça não exceder a dos fariseus e escriba, jamais entraremos no reino 5.20
*O reino deve ser buscado com oração 6.10
*O reino deve ser buscado acima de tudo 6.33
*Nem todo que diz senhor, entrará no reino 7.21
*Muitos virão do oriente e ocidente e entrarão no reino 8.11
*Os filhos do reino serão lançados nas trevas 8.12
*Jesus mandou pregar que reino está perto 10.7
*O reino de Deus não está dividido, de outra forma não subsistiria 12.25
*O reino de Deus dissipa o reino das trevas 12.28
*Nem todos têm o privilegio de conhecer os mistérios do reino 13.11
*O reino de Deus é comparado a parábola do trigo e joio. 13.24
*O reino é comparado a um grão de mostarda 13.31
*O reino é semelhante ao fermento na massa. 13.33
*O reino é comparado a um homem que encontrando um tesouro num campo, *vende o tesouro e compra o campo. 13.44
*O reino é comparado a uma rede que apanha todo tipo de peixe, mas quando está cheio de peixes, seleciona os bons e rechaça os ruins.13.48
*A primeira pregação no dia do pentecoste foi a chave da abertura do reino 16.19.
*O reino pertence aos pequenos 18.3
*Os primeiros serão os últimos e os últimos os primeiros no reino 20.30
*Meretrizes e publicanos precedem religiosos no reino 21.31
*O reino será tirado dos religiosos e dado a quem produz frutos 21.43
*O reino é comparado a um rei que os nobres rejeitaram seu convite, mas ele convidou pobres e marginalizados. 22.2
*O reino será conhecido de todos antes do fim 24.14
*O reino é comparado as dez virgens 25.1
*O Senhor convidará para que os filhos entre na posse do reino que está preparado desde a fundação do mundo.25.34
*Haverá um longo interstício entre a última ceia com Jesus e a ceia no reino escatológico. 26.29.
O REINO EM MARCOS:
*O reino de Deus chegou e com ele o tempo de se cumprir as escrituras 1.15
*Um reino dividido não subsistirá. 3.24
*Nem todos têm acesso aos mistérios do reino. 4.11
*O reino é como um homem que lança a semente e depois se admira do seu broto, sem saber como se processou. 4.26
*O reino é como um grão de mostarda 4.30
*A inauguração da Igreja no dia de pentecoste estabelece a vinda do reino com poder do Espírito Santo conforme Mt 16.19 A Igreja é agente deste reino.Mc 9.1
*Vale a pena o altruísmo e a abstinência para entrarmos no reino. 9.47
*Dos pequenos é o reino 10.14
*Quem não receber o reino na qualidade de pequeno não entrará nele. 10.15
*Dificilmente entrará no reino quem confia em riquezas. 10.23 10.24
*Jesus foi aclamado o Rei do reino de Deus, conforme a aliança de Davi. 11.10
*A verdadeira compreensão da palavra conduz o homem a proximidade do reino. 12.34
*Depois da última ceia Jesus só beberia a próxima no reino de seu Pai 14.25
*José de Arimatéia esperava o reino de Deus 15.43
O REINO EM LUCAS:
*Satanás mostrou o seu reino em troca do reino de Deus. 4.5
*Satanás ofereceu a glória do seu reino em troca da glória do reino de Deus 4.6
*É necessário que o filho do homem anuncie evangelho do reino de Deus.4.43
*Os pobres são fortíssimos candidatos ao reino de Deus. 6.20
*O menor no reino de Deus é maior no reino terrestre 7.28
*Jesus andava de aldeia em aldeia pregando o evangelho do reino 8.1
*Nem todos têm acesso a compreensão verdadeira do reino. 8.10
*Jesus comissionou discípulos par pregar o evangelho do reino. 9.2
*A rotina de Jesus era falar sobre o reino 9.11
*Alguns discípulos teriam a oportunidade de ver a glória do reino(talvez se referisse a transfiguração) 9.27
*Jesus mandou pregar o reino impreterivelmente 9.60
*Quem retrocede não é apto ao reino de Deus 9.62
*Jesus mandar pregar que o reino já está entre os homens. 10.9
*Sabei que o reino está perto 10.11
*Jesus mandou buscar o reino em oração 11.2
*O reino de deus não divide, caso contrário não prevaleceria. 11.17 11.18
*Se o reino de Deus está expulsando o reino das trevas, realmente o reino de Deus é chegado a vós. 11.20
*Buscai o reino com prioridade e as outras coisas acontecerão naturalmente. 12.31
*O Pai se agradou e se alegrou em poder nos dar o reino 12.32
*O reino é comparado ao grão de mostarda. 13.18
*O reino é comparado ao fermento na massa. 13.20
*Muitos filhos do reino serão lançados fora 13.28
*Virão muitos do oriente e do ocidente e assentarão a mesa no reino de Deus. 13.29
*Muitos convidados ficarão de fora do reino e muitos não convidados entrarão no reino de Deus. 14.15-18.
*O reino vem sendo pregado e os homens se esforçam para entrar nele. 16.16
*O reino não vem com aparência 17.20
*O reino está dentro de nós. 17.21
*Dos pequenos é o reino de Deus. 18.16
*Quem não receber o reino na qualidade de pequeno, não entrará nele. 18.17
*Dificilmente entrará um rico no reino de Deus. 18.24
*É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que o rico entrar no reino de Deus. 18.25
*Quem priorizar o reino será recompensado muitas vezes. 18.29
*Quem investe no reino é reconhecido pelo Pai 19.11-27.
*Sabei que o reino está perto 21.31
*Na última ceia Jesus disse que só comeria no reino escatológico 22.16 22.18
*Assim como meu pai me confiou um reino, eu vos outorgo o poder deste reino e vos convido para cear. 22.29-30
*Lembra-te de mim quando entrares no teu reino, clamou o ladrão. 23.42
*José de Arimatéia esperava o reino de Deus. 23.51
Pr. Jesiel Padilha ministrando teologia do Novo Testamento

TEORIA DO MÉTODO TEOLÓGICO

TEORIA DO MÉTODO TEOLÓGICO

Como Nasce a Teologia

Ementa: Pretende-se precisar como se processa o ato de teologizar, descrevendo fenomenologicamente como se dá o fazer teológico.

Porque Isto: A Teologia?

1.A fé deseja saber
A pessoa de fé quer naturalmente saber o que é mesmo aquilo que acretida, se é verdade ou não.Quer saber também o que implica tudo aquilo em sua vida concreta e em seu destino.Tal é a definição clássica da teologia: fides quaerens intellectum (a fé buscando entender) É a expressão já clássica de Anselmo(1109) a fé deseja saber, ela busca a luz. Seguindo a mesma linha de Agostinho(IV século) desejei saber com inteligência o que acreditei. O amor é um elemento intrínseco da fé. Quem ama medita, divaga. Alhures afirma: “o amante não se contenta com a atenção superficial do amado”. Citemos igualmente outro grande metodólogo, agora das ciências modernas, Francis Bacon : “ dá à fé o que é da fé “ fidei quae fidei sunt”
Em vão lutará frustra sudaverit” aquele que pretende obrigar os celeste arcanos da religião a se adaptarem a nossa razão.

2. O espírito humano busca incansavelmente conhecer.
Examinemos agora a mesma questão pelo lado sujeito que crê.
Aristótelos afirmou: ‘todo ser humano aspira o conhecimento” . Por isso a teologia pode se definir como “ afé de olhos abertos”. É a fé lúcida, inteligente e crítica.

3. A teologia nasce da fé acompanhada da conversão. Só um ser profundamente transformado pode verdadeiramente ter acesso aos mistérios divinos.

4.A fé é unitária, nos completam nessa complexidade que a fé é fonte, objeto e fim da teologia.de fato da fé compreende:
fides quae: fé palavra, que a fé dogmática
fides qua: fé experiência, que é a fé fiducial.
Fides informata: fé prática, encarnada.
A fé é simultaneamente princípio objeto e objetivo da teologia. E é riqueza de suas múltiplas dimensões. Por isso, entende-se a fé como um ato de total obediência a palavra, como faz Paulo em Romanos 1.5.
A fé vem antes da teologia e tem o primado absoluto sobre ela, como mostra a tradição teológica, nas linhas do “ crer para entender de Agostinho’ e que retornou em seu “ creio para entender”. Podemos afirmar que a teologia é um falar a partir do falar de Deus. Seu objetivo é um sujeito, uma pessoa “ alguém”. Deus é o sujeito eterno da teologia.

O Que Estuda a Teologia e Em que Perspectiva

Para desenvolver a questão do objeto e da perspectiva própria da teologia, partimos da estrutura do saber científico.
O saber científico põe em ação três elementos principais:
o sujeito epistênico, em nosso caso o teólogo.
o sujeito teórico, na teologia, Deus e sua criação.
O método especifico que é o caminho para o sujeito chegar ao objeto visado.

I.Distinção Epistemológica Primária
Devemos partir da distuição clássica entre objeto material e objeto formal de uma ciência.
1.Objeto Material – “o que” é um “corte vertical” delimitando uma região, para delas em seguida se ocupar. Trata-se do “que” de um saber, i.e., matéria prima, temática, assunto, questão.
2.Objeto Formal – “como” é um corte horizontal no objeto material, a fim de captar-lhe em nível ou camada. Aqui temos nos o “que”, nos “como”, i.e.,aspecto, dimensão, faceta, lado, nível, razão específica.

Estrutura do Discurso Teológico Particular

1.O objeto material da teologia. De que trata a teologia? Deus e tudo o que se refere a Ele, i.e., o mundo Universo: a criação, a salvação e tudo mais. Mas como Deus é o ”determinante sobre tudo”, então, qualquer coisa pode ser objeto de consideração do teólogo. Deus, com efeito, pode ser definido como “a realidade que determina todas as realidades”.
Poderíamos falar, com outras palavras, assim: Deus é o objeto “ principal” da teologia; tudo mais é objeto “conseqüencial”. De fato a fé diz respeito em primeiro lugar a Deus, e das demais coisas só por conseqüência , ou seja, por causa de Deus.
2.O objeto formal da teologia. Que é “Deus enquanto revelado”. É o Deus revelado, o Deus da Bíblia, o Deus do evangelho, o Deus Salvador.
Todos os outros objetos da teologia- objetos secundários- são tratados sob a mesma ótica, ou seja, a partir do revelado. E podem ser teologizados na medida em que são relacionados com o Deus da fé, ou seja, enquanto situados sub ratione Deus, “ sob o enfoque de Deus”.
O decisivo num assunto qualquer é sempre seu objeto formal (objetivo), ou, a perspectiva (subjetiva) a partir da qual se encara aquele assunto. é o objeto formal que determina se um discurso é ou não é teológico.
Deus é o sujeito eterno da teologia, já que a teologia é o discurso de Deus sobre o ser humano e não o discurso do ser humano sobre Deus, este último é conhecido como “ teologia filosófica”, e não teologia cristã, que é o discurso da palavra de Deus e não simplesmente da fé subjetiva dos fiéis.

OS NOVOS ENFOQUE TEOLÓGICOS

São 5 os principais enfoques teológicos que marcam presença no atual cenário teológico, as quais buscam integrar em seus discursos um horizonte globalizado:
1.O enfoque da libertação. A teologia da libertação(que trata dos problemas sociais)
2.O enfoque feminista. Teologia que vê a fé e o mundo a partir da ótica da mulher.
3.O enfoque étnico. É a teologia inculturada a partir da ótica negra, indígena e asiática.
4.O enfoque inter-religioso. É um teologizar desafiador que busca o diálogo entre as religiões
5.O enfoque ecológico. É toda questão teológica concernente a vida, natureza e todo cosmos em seus mútuos relacionamentos.
Contestar que Deus não pode ser substituído por libertação, ou outro tema qualquer é confundir objeto material com objeto formal, e não caracterização de ilegitimidade do tema.Deve ficar claro porém que tais enfoques de modo nenhum substituem o enfoque originário da teologia , que é pensar tudo “ à luz da fé” . são enfoques secundários que se somam ao primário, apóiam nele, o desdobram e, de todos os modos, se articulam sobre ele e com ele. A teologia pode ser feita a partir de qualquer perspectiva, desde que o foco esteja no ponto mais originário, ou seja, “ a partir da fé”, ou a partir do Deus de Jesus Cristo.

A RACIONALIDADE DA TEOLOGIA

A razão não é só a razão formal (lógica) ou a empírico-formal(científica) existe também a razão discursiva em geral, a que exibe razões várias para se explicar: argumentos, raciocínios, provas de diversos tipos, seja necessitantes, seja convenienciais.

A Distinção Entre “ intellectus” e “ Ratio” em Teologia.

1. Intellectus fidei é o intellectus, enquanto função originária e originante do pensar, que está em operação no campo da fé. Essa atitude fundamental constitui precisamente o intellectus fidei. Este testemunha que a fé possui sua evidencia, sua luz e inteligência específica. A fé tem seus próprios olhos. A fé aparece aí como saber, experiência, gnose, sabedoria, amor.
2.Ratio fidei é a fé feita razão, melhor ainda, feita razões, é isso precisamente teologia. Ela nasce do intellectus fidei, para tornar-se, em seguida, a ratio fidei.
Do mesmo modo como se distinguem inteligência e razão, assim também importa distinguir fé e teologia, fé e razão, assim também importa distinguir fé e teologia, fé e razão, mais precisamente inteligência da fé e razão da teologia. Distinguir, sim, mas para unir. Pois se trata de momentos diferentes de um mesmo processo. Em metáfora, Castro Alves destaca a pomba mística fé da águia da razão.
Hermenêutica em Teologia
Passando agora à teologia, digamos que sua razão própria também possui uma constituição hermenêutica. E isso num duplo sentido. É hermenêutica, em primeiro lugar, porque trabalha os textos da Bíblia. É hermenêutica no sentido estrito. Nessa linha, a teologia como hermenêutica procura a verdade absoluta dos oráculos proféticos, mediação da revelação. Todo seu esforço racional neste caso consiste em interpretar corretamente a palavra de deus. Mas, como particularidade própria, a teologia não precisa perguntar, como fazem as outras ciências humanas: Será que tal sentido intencionado é verdadeiro? Pois ela daria já por assentada, de antemão, no âmbito da fé, a verdade do oráculo divino. As questões que ficam para a teologia e que ela tem que enfrentar são só duas:
1.foi Deus mesmo que falou isso?
2.O que ele quis mesmo dizer com isso?
Mas a teologia é hermenêutica também num segundo sentido: porque interpreta sempre de novo a tradição viva da fé em função dos tempos.

TEOLOGIA É CIENCIA

Que é teologia? Na definição de agostinho é discurso sobre Deus. Mas nem sempre o discurso sobre Deus tem conotação científica. O que nos interessa aqui é saber se a teologia é ou pode ser ciência. Teologia é ciência partindo do princípio que a ciência é um conceito analógico. Ora, o que a teologia pode ter(e de fato tem) em comum com as outras ciências é o modelo formal, caracterizando pelos três traços seguintes:
1.Criticidade
Assim como toda a ciência, a teologia é um saber crítico, ou seja, um saber que opera sobre si mesmo, que é consciente de seus procedimentos. A teologia é, portanto, um saber edificado sobre a análise crítico-metódica das verdades da fé.
2.Sistematicidade.
Toda ciência cria um corpo de saber. Tal corpo é unificado segundo princípios de estruturação interna, para formar uma arquitetura teórica coerente.
Pela sua posição original” pística” a teologia não busca criar de fora sistemas explicativos para depois aplica-los ao ministério, mas antes procura refazer teoricamente a estrutura interna do próprio ministério. Fá-lo através de sistema de sentido que tenham uma capacidade máxima de saturação noética. Veremos como, em teologia os pontos de fuga desses sistemas são sempre numerosos, devido a transcendência de seu objeto. Queremos dizer que o sistema de compreensão que melhor explica o ministério cristão é também o mais científico do ponto de vista teológico.
3.Dinamicidade.
Nas ciências hermenêuticas a dinamicidade é ainda mais acentuada. Pois as organizações de sentido que buscam saturar explicativamente o campo próprio de estudo se revelam sempre curtas. Daí as contínuas retomadas de explicação no curso das pesquisas históricas.
Assim também ocorre analogamente com a teologia. E mais ainda com ela. Pois se há uma característica científico-formal que mais convém à teologia é esta. Isso por uma razão dupla:
O horizonte de mistério ou transcendência de seu objeto; e protensão escatológica da verdade divina pelo fato de a revelação plena”apocalipse” ser um evento decididamente parusíaco.
Tudo isso dá à teologia um dinamismo extremo, sem paralelo com qualquer outro discurso. Por isso a teologia continuamente faz e refaz suas estruturações racionais, procurando avançar o quanto pode. Daí o dilúvio de discursos e produções teológicas, como a ameaçar submergir o mundo(jó 21.25).

A teologia é ciência na medida em que realiza a tríplice caracterização formal de toda ciência, que é a de ser crítica, sistemática e auto-amplificativa.
Falando em geral, a racionalidade própria da teologia, enquanto “ ciência humana’ , é de tipo hermêutico: ela procura compreender, de modo mais exaustiva ou “ saturado” possível, a palavra de Deus ou o sentido da fé, primeiro do texto bíblico e, em seguida, à luz deste, do “ texto da vida” .
BIBLIOGRAFIA
TEORIA DO MÉTODO, Editora vozes clóvis boof